segunda-feira, 8 de março de 2010

Nu

Quando duvidares que te quero
pergunta ao vento.
Porque ele ouviu em silêncio
Meu corpo suspirando ao te ver.
Ele ouviu o soluço abrupto
quando calei teu nome em mim
tantas vezes que o fiz
pra não me denunciar.
E se não sabes o que sinto
pergunta ao vento.
Que ele passando por mim
segurou-me pelos ombros
pra eu não me atirar sobre você.
Ele, companheiro invisível
amigo incógnito no percurso
foi testemunha paciente
de cada tropeço que dei
distraído ao te ver.
Ele, o vento
que tudo toca e que ninguém pode conter
carregou meus devaneios a teu respeito
e ouviu minhas preces sem ter o que dizer.
Ele, o desejo
que em todos nasce e que ninguém pode prender
regeu meus passos diante de você
numa dança de espera e saudade.
Nós, eu e o vento
vagamos nossas vidas sem pedir um único porquê
pois são muitas as razões, as delícias e as paixões
que nos movendo, nos transmutam
no que o mundo jamais pode prever.
E destes tempos jamais sonhados
me cabe a busca de viver.
Quem sou, já não importa tanto.
Pergunta ao vento.
Ele deve saber.

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