quarta-feira, 29 de setembro de 2010

réquiem

um ano
dois semestres
quatro estações

e o que em mim era amor suspirava

um encontro
dois homens
quatro olhos

e o que em mim era amor estremecia

um sonho
dois tempos
quatro pés

e o que em mim era amor latejava

um beijo
dois corpos
quatro pernas

e o que em mim era amor entregava

quatro mãos
dois anseios
um silêncio

e o que em mim era amor tropeçava

quatro palavras
dois segundos
um fim

e o que em mim era amor se partia

e o que em mim era amor se paria
parte morto, que já não respirava
parte vívido, que então rastejava

e o que em mim era amor resistia
comendo nas passagens e encruzilhadas
colhendo no lodo as flores nascidas

e o que em mim era amor caminhava
já que paragem pra ele não havia
mas nos olhos trazia serena certeza
que dentro em breve renasceria.

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