terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ode ao porvir

E quando eu enlouquecer
tristeza e alegria não farão mais sentido
só uma única coisa, gelada e ardente
como a madrugada de inverno no meio da rua.
Pois quando eu enlouquecer
minhas pernas enfim poderão
parar de pensar por onde andar
e andando errantes
nunca mais errarão em culpar-se.
Ah se eu enlouquecer!
que seja numa única dose, de uma só vez
sem volta, sem piedade, por amor
à vida ou à morte, pois todas são uma só.
E se eu enlouquecer
não chore minha perda, minha perdição
que essa não seria mais irracional
que a cotidiana busca de achar-se.
Mas se não enlouquecer
que não me afunde em auto-piedade
nem na luta por defender-me.
Que eu ocupe meu lúcido tempo
em perder as inúteis razões do mundo!

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