segunda-feira, 24 de maio de 2010

Fogueira

Transformei o maldito amor numa coisa
Gravei-o num CD de músicas
Compilei-o numas folhas avulsas
Inútil fazê-lo, o amor escapou sem demora.
E tomou conta das horas
Fez o que quis dos meus pensamentos
Em vão me joguei no trabalho
O amor me reclamava por dentro.
Reivindicava suas horas de espera
Seu tempo e espaço de existir
O amor já não era só uma idéia
Se tornara uma urgência sem fim.
Me deu febre e insônia
Confiscou a paz dos meus dias
Ateou fogo às minhas propriedades
O amor já não tinha dono.
Tinha vontades de céu e inferno
Me perdia e me salvava num só segundo
No meu peito o espaço do nada
O amor se tornava maior que tudo.
Não havia lei para o amor
Nem havia uma razão que lhe desse cabo
O amor escancarava minhas vísceras
E me entregava à sorte dos meus medos.
Que assim seja, em brasa e êxtase
O mesmo amor que me consome
Com entranhas implacáveis
Vai parindo o que não sei ser.

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